quinta-feira, 5 de maio de 2011

Constantin Stanislavski

Talento e vocação: o ofício do ator

Método das ações físicas como mola propulsora e material orgânico na construção e consolidação de uma nova linguagem teatral.
o ofício do ator. Segundo o diretor e encenador russo, trata-se do reconhecimento de que o ofício do ator não visa somente o entretenimento, mas é uma forma de conhecimento. As ferramentas e metodologias de seu sistema de ensino continuam sendo os grandes pilares do fazer erudito na encenação, pois fomentam questões essenciais na investigação do mesmo.
Stanislavski estabeleceu no início do século XX uma série de procedimentos que sinalizavam novas compreensões envolvendo etapas de conhecimento e aprendizagem na relação corpo- mente.
“Eis como abordo um novo papel. Sem realizar a leitura prévia, sem qualquer conferência sobre a peça, os atores são convocados para ensaiá-lá”.






Na verdade, as teorias de atuação de Stanislavski formam um sistema que pode ser analisado a partir dos momentos nomeados por ele como físico-químicos.
A preparação do ator aborda os aspectos mais subjetivos do processo do ator, incluindo as investigações sobre a memória e o subconsciente. A construção da personagem define alguns procedimentos, onde a questão do corpo já ganha maior status, como a caracterização física e a forma de tornar expressivo o corpo. Em A criação de um papel, os aspectos ditos subjetivos e objetivos, físicos e químicos são mais fortemente mencionados pelo autor como indissociados, sendo a ação física o combustível para a ignição do trabalho do ator.
Portanto, podemos perceber através dessas constatações que atuar significa entrega, afinco, dedicação. A arte é e sempre será um eterno aprendizado onde o artista deve ter em mente um trabalho baseado na organicidade de suas experiências e no lado cognitivo e sensorial que desperta de forma espontânea quando estamos imersos num estado de concentração e pré-disposição para tal ato.




Mas é justamente esse estado de concentração que muitas vezes acaba servindo como armadilha para os atores mais inexperientes: na busca incessante de alcançar um estágio superior, acabam psicologizando e consequentemente gerando um efeito rebote em seu trabalho, tornando artificial suas ações. É o dito teatrão, termo usado por muitos professores e diretores da área.
Sendo assim, é possível contestarmos através do embasamento teórico de Stanislavski a questão do talento nato de cada artista. Mais importante que possuir uma virtuose, é importante atingir um estado de virtuose. E essa virtuose será fruto da interdisciplinaridade entre a prática e teoria, caminhando de forma harmônica eternamente. E você, acredita em talento nato?


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